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O crepúsculo de heka

Atualizado: 15 de out.

O texto a seguir será focado na interpretação dos Papiros Mágicos Gregos (PGM) como a manifestação do Caos () e o sinal do abandono divino.


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O Crepúsculo dos Deuses: Quando o heka Virou isfet


Os   papiros magicos gregos (PGM) não são meros registros de feitiços; eles são, na visão da antiga e pura tradição egípcia, a certidão de óbito ético de uma civilização. Escritos em grego, mas recheados com os Nomes de Poder egípcios, eles representam o momento sombrio em que o princípio cósmico de  (Ordem, Verdade, Justiça) atingiu seu ponto máximo de declínio, dando lugar ao triunfo do seu oposto:  (Caos, Injustiça, Desequilíbrio).


Maat em Colapso: O Vazio do Trono


O Egito existia para manter o . Essa Ordem era garantida pelo Faraó, o mediador divino que oferecia o  a Rá todos os dias, garantindo a ascensão do Sol.

Quando o Faraó foi substituído por uma dinastia grega (Ptolomaica) e, subsequentemente, por imperadores romanos, o elo sagrado entre a Terra e o Céu foi cortado. O coração da nação egípcia sentiu o vazio:

  • A Ausência do Mediador: Sem o Faraó para corporificar a justiça, a ordem social desmoronou. O povo, agora governado por estrangeiros distantes e por um sistema de impostos impiedoso, viu-se à deriva no  social e político.

  • O Desespero Popular: Se os templos e o Estado já não podiam garantir a ordem, a proteção e a justiça prometidas pelos deuses, a fé tradicional começou a ruir. A única saída restante era tentar forçar a intervenção divina por conta própria.


Os Papiros: A Manifestação Coercitiva do Isfet


É neste vácuo cósmico que os  florescem. O que era o  (o uso da força de criação em harmonia com ) se perverteu em magia de coerção.

  1. Agressão aos Nomes Sagrados: O ato mais grave nesses papiros é a ameaça de revelar os Nomes Secretos (ren) das divindades. No Egito, conhecer o nome de um deus era ter poder sobre ele, mas esse poder deveria ser usado em nome de . Ao utilizá-lo para "amarrar" Hórus, "torturar" Osíris ou "forçar" Ísis a realizar um feitiço de amor ou maldição, o mago comete o ato de  e  supremo: ele se coloca acima dos próprios Criadores.

  2. Corrupção da Finalidade: O  templário era usado para afastar  (o Caos) e trazer fertilidade ao Nilo (a Ordem). Os  usam a mesma essência de poder para:

    •  (Maldições): Desejar o sofrimento ou a morte a um vizinho, um rival ou um amante.

    • Encantamentos Amorosos Coercitivos: Forçar a vontade de outra pessoa, roubando seu livre arbítrio, um desequilíbrio flagrante contra .

    • Sincretismo Caótico: A mistura indiscriminada de Rá com Apolo, Toth com Hermes, e deuses gnósticos e judaicos, não era uma "evolução" religiosa, mas sim uma profanação desesperada. O mago, não confiando na pureza de um único deus, profanava todos em busca da força bruta.


O Abandono dos Deuses


Para o olhar de um sacerdote egípcio puro, o resultado dessa prática de  em papiro era inevitável:

Se os próprios humanos, que deveriam ser os guardiões de , transformaram o  — a própria energia da criação — em uma ferramenta para o caos, o egoísmo e o desrespeito, então o pacto cósmico foi quebrado.

É a partir desta perspectiva que se pode sentir a tragédia: os deuses egípcios não abandonaram o Egito por fraqueza, mas por repulsa. Eles se retiraram de um mundo onde o seu poder, o , estava sendo usado para promover o , e onde os seus Nomes Sagrados eram reduzidos a meros objetos de coerção, vendidos em papiros de rua.

Os  são, portanto, a prova arqueológica de que a civilização egípcia, em seus anos finais, já não era mais regida por , mas sim por uma sombra do  pessoal e desesperado. O silêncio dos templos, que se seguiu ao domínio estrangeiro e à ascensão desses textos, pode ser interpretado como o luto e a desaprovação divina frente ao desrespeito final. O Egito, como terra sagrada do , cessou de existir.






 
 
 

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